sábado, 26 de janeiro de 2013

Estudos sugerem: generosidade não é gerada pelas religiões e religiosos são mais solidários com quem professa a mesma fé

Um estudo conduzido pela Nottingham University Business School, do Reino Unido afirma que crentes só são solidários ou altruístas com pessoas que professam a mesma fé.

Na pesquisa, uma equipe de especialistas em comportamento humano pediram a um grupo de pessoas da Malásia, de diferentes crenças e não religiosas que participassem de atividades atribuindo a cada uma delas uma quantia imaginária de dinheiro. Inicialmente, cada participante foi convidado a doar o dinheiro ou parte dele a outra pessoa, havendo a opção de não fazer nenhum repasse.

Os pesquisadores observaram que havia pouca diferença de nível de generosidade na comparação de cristãos, hindus, muçulmanos, budistas entre si e na comparação entre crentes e os sem religião. Porém, com os participantes revelando sua religião ou ausência dela em uma placa, verificou-se que as pessoas ficaram três vezes mais generosas, mas somente em relação a quem tinha a mesma religião.

O professor Robert Hoffmann, coautor do estudo, disse “alguém poderia imaginar que a caridade é inerente às pessoas de fé, mas não descobrimos nenhuma evidência nesse sentido”. Ele concluiu que as religiões não afetam o comportamento dos crentes em relação às pessoas em geral, mas, o que é preocupante, interferem em seu relacionamento com os integrantes de diferentes grupos.


Outra pesquisa, feita pela Universidade da Califórnia (EUA) e divulgada em 2012, mostrou que os ateus são mais caridosos com pessoas estranhas que os religiosos. Publicado no periódico Social Psychological and Personality Science, o artigo afirma que pessoas menos religiosas tendem a ser mais sensíveis às necessidades de um estranho.

O experimento foi realizado em três etapas. Na primeira, os cientistas analisaram dados de uma enquete americana de 2004 entre 1.300 adultos, que mostrou que as pessoas menos religiosas eram mais caridosas do que os mais crentes. No segundo experimento, 101 adultos americanos assistiram a imagens de crianças muito pobres e receberam moedas falsas com instruções para doá-las a um estranho. Novamente, os menos religiosos mostraram-se mais caridosos e doaram valores maiores.

Segundo o psicólogo da Universidade de Berkley, Robb Willer, coautor do estudo, "as imagens tiveram um grande efeito na generosidade dos menos crentes, mas não modificou de maneira significativa a generosidade dos participantes mais religiosos."

No último experimento, mais de 200 alunos universitários tinham que dizer quão compassivos estavam se sentindo no momento. Em seguida, participaram de jogos em que precisavam decidir se compartilhariam dinheiro com um estranho ou se guardariam para si. Em uma rodada, os jogadores eram informados que haviam recebido doação de outro participante. Os agraciados tinham liberdade para decidir se recompensariam o doador devolvendo parte do dinheiro. Aqueles que haviam declarado baixa religiosidade e alta compaixão estiveram mais propensos a devolver parte do dinheiro recebido por um estranho do que os outros participantes do estudo.

De acordo com os autores, os menos religiosos apoiam a generosidade e a caridade na força da ligação emocional que estabelecem com um estranho. Já os mais religiosos parecem basear a generosidade menos na emoção e mais na doutrina e na identificação com a comunidade.

Pesquisas como as supracitadas, jogam por terra a ideia de alguns crentes de que apenas eles são pessoas solidárias e mostra o lado egoísta dos religiosos, como se uma religião fosse uma fraternidade onde apenas os participantes da mesma fossem dignos de generosidade. Na prática, estudos como esses sugerem que os religiosos de cada demoninação se colocam acima das demais pessoas por se acharem os seguidores de uma "fé verdadeira", enquanto os seguidores de outras religiões merecem sofrer, por estarem seguindo uma "falsa fé".


Certamente, alguns argumentarão que os estudos não foram abrangentes o suficiente, já que foram realizados em locais específicos e não extrapolados para outras regiões, com culturas diferentes. Esse argumento acabará confirmando que a religião em si nada tem a ver com a vontade de ser caridoso, uma vez que deixará notório que são a cultura, educação e índole da pessoa e não a religião, que é a mesma, não importando a localidade da pessoa, os fatores cruciais para ser generoso.

Como eu sempre digo, religião não é sinônimo de bondade. Eu conheço religiosos caridosos e ateus caridosos, bem como religiosos egoístas e ateus egoístas. Obviamente existem diversos grupos religiosos que praticam caridade. Eu mesmo, ateu, já participei de diversos atos de caridade organizados por grupos religiosos. Mas fico imaginando se as pessoas que participam desses grupos o fazem por serem generosos por si ou por estarem em um grupo que, na teoria professa a generosidade, e portanto, se sentem motivados a serem caridosos.

Como eu enfatizei no parágrafo anterior, eu não estou dizendo que não existem pessoas religiosas generosas, mas que a religião não tem o monopolio da moral, bons costumes e generosidade. 

Com informações de Huffington Post e The Telegraph.

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